A morte faz a gente pensar e repensar em algumas coisas que estão ligadas direta ou indiretamente a vida que nós escolhemos viver a cada dia...
Nas nossas opções diárias e as conseqüências das mesmas.
Hábitos, conceitos, atitudes... Pessoas, situações, lembranças...
Ela mexe com nosso lado sentimental e nos deixa completamente desarmados.
A gente conhece pessoas quase que diariamente.
Algumas não sabemos por quanto tempo farão parte da nossa vida... ou o quanto faremos- ou fazemos- parte da dela...
As vezes os momentos são inúmeros e tão pouco aproveitados, em outras eles são raros, mas intensos...
Conseguimos aproveitar o máximo e registramos momentos incríveis... sem comparação a qualquer outro...
Mas, as vezes, conseguimos nos frustrar com a sensação de que podia ser bem mais especial se não fosse pela falta de disponibilidade que nós mesmos tornamos reais dentro dos limites que dizemos existir.
Mas não quero falar somente das “mortes reais”. Não acredito que sejam só elas o motivo principal de não dizer tudo aquilo que era necessário ser dito/ ou feito...
Também existem atitudes, escolhas que nos torna tão cruéis quanto a dor da perda causada pela morte propriamente dita.
Matamos pessoas dentro de nós mesmos... por mágoas passadas, e por atitudes que reprovamos muitas e inúmeras vezes.
Não damos oportunidades, e esquecemos que estamos nos privando talvez de um crescimento muito maior que antes pensado, pela falta de coragem de viver(de nos sentir vulneráveis a situações que podem mexer num lugar que sempre que podemos tentamos proteger/o coração).
E quando essas pessoas partem, deixam o “se” pra nos assombrar eternamente...
E até quando vamos nos permitir assassinar brutalmente pessoas por coisas tão pequenas, insignificantes que a gente só percebe quando já não existe a possibilidade de dizer o que precisava ser dito, ou o que o nosso coração acreditava(quase que calado, mas no fundo, com uma voz enfraquecida) que valia a pena viver?
Até a noticia de um acidente? Ou de uma morte sem explicação?
Agradeço a Deus pela oportunidade que tive de conhecer a Any... e por tudo que certamente representei pra ela/ como ela pra mim... Só lamento por não ter feito mais, como sei que poderia ter feito nesses 5 meses de Jocum-Maringá;
Agradeço também por ter conhecido o Alemão. Figura sem igual! Tempo bom, pequeno, muito pequeno... mas que a gente trocou muita idéia... e tive momentos diferentes de todos que já havia vivido;
E meu tio, que deixou também um buraco sem tamanho ... que era um pai pra mim... que precisei ver pra crer que aquele acidente tão brutal o levou... que nunca mais iria ter a oportunidade de falar todas as verdades que mudaram a minha vida, e tudo aquilo que realmente importa na vida.... mas sei que ele também está num lugar muito melhor...
.... em um ano, 3 perdas das quais vou sentir saudade eternamente... por tudo que vivi, por tudo que deixei de viver... por tudo que ouvi, falei... e por tudo que deixei de dizer.
E hoje essas são as minhas perguntas... e vale pra mim mesma também....
E as pessoas que tentamos matar dentro de nós (por medo de nos machucar talvez ainda mais do que já fomos machucados um dia...)
Justificativa tão sem base diante da arte que é viver...
E então, vamos esperar quanto tempo mais?
Vamos esperar quanta coisa acontecer pra começar a ter atitudes simples e sensatas?
Pra mandar aquela mensagem pedindo perdão...
Pra mandar um e-mail dizendo o quanto aquela pessoa é especial/ ou foi especial, e marcou de alguma forma a sua história...
Pra dizer um “eu ainda te amo”...
Pra dizer o que a gente sente que precisa de alguma forma ser dita... mas que por orgulho/ou sei lá o que... escolhemos deixar pra amanhã... nos esquecendo que amanhã pode ser tarde demais.
"Participamos de histórias marcantes na vida de algumas pessoas, e muitas vezes não sabemos valorizar isso... Curtí-las ao máximo é um exemplo simples e triste quando percebemos isso tarde demais!"
Jéssica Andrade
17/08/2011